quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Adivinha quem é?






Tem vestido vermelho, é dentuça, gordinha, a primeira vez que ouviram falar dela foi na década de 60, muito brava e tem um amigo que fala errado.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O homem de língua presa





O tal homem de língua presa falava de novo na televisão, um sorriso cativante e uma proximidade como se estivesse ali, falando com você e tomando um pingado no copo de bar. 

Ah, lembro dos
 dias em que acordava antes do sol nascer, colocava o velho uniforme, botas de bico de aço e acenava do portão da casinha velha para a Teresa. Ela com um olhar cansado, a vida de dona de casa e doméstica não era o que eu queria quando pedi sua mão. Ela saía de Santo André todos os dias, logo depois de mim, e ia trabalhar longe longe na zona sul de São Paulo, lavar roupa dos ricões donos da bufunfa. 

Eu ia boa parte do caminho a pé e depois pegava o ônibus, cada gota de suor 
eu vi valer a pena quando vi o júnior pegar o diploma de administração. Meu garoto, sempre viu o sacrifício que fazemos para que a vida dele fosse bem melhor do que a nossa. Os anos voaram e quanta esperança. 


O homem da língua presa sempre falou igual a mim, dizia o que ficava preso na garanta de um pobre operário que só sabia mexer em máquinas e mesmo assim, com o pouco estudo que tive, formei meu filho. Esse povo acha que somos brucutus que não sabem falar, não leem, não conhecem poesia. Eu conheço sim. Só não conheço mais esse homem de língua presa. Ele costumava ser igual a mim, agora é só decepção.