sexta-feira, 26 de abril de 2013

Quanto vale sua vida?




Cinthya com certeza valia muito mais do que os R$30,00 reais que estavam em sua conta corrente, talvez, a falta de dinheiro fosse em decorrência da caridade da dentista. Uma mulher que ajudava a todos, ela simplesmente ajudava as pessoas e a única ajuda que poderíamos oferecer à ela, depois que o pior já aconteceu, a justiça, não vai acontecer.

Mais uma vez nos deparamos com um crime terrível, uma mulher que perdeu a vida de forma trágica, dolorosa e sem motivo algum. E então vem a pergunta: Até quando aguentaremos este tipo de situação? Será que você que está lendo este texto agora só irá fazer alguma coisa quando for com um ente querido seu? É realmente uma pena ver que cada dia que passa a situação fica pior e nós não fazemos nada.

O crime se tornou banal.

Eu não gosto de política. Político "é tudo igual". Isso nunca vai mudar.

As coisas não mudam porque nós não mudamos. É óbvio mas parece difícil de ser entendido pelas pessoas. A justiça é utópica em um país que grita aos quatro ventos que é o PAÍS DO FUTURO e na jamais será o país do presente.

Se não fosse a Copa e as Olimpíadas será que as favelas do Rio de Janeiro seriam pacificadas? Tampar o sol com a peneira parece uma especialidade da nação que tem como identidade o "jeitinho brasileiro". Muita gente odiando as pessoas por conta da sexualidade e pouca gente se importante com inocentes morrendo nas ruas, em suas próprias casas ou no trabalho.

Onde está todo dinheiro que pagamos nos impostos? Para recolher o imposto de renda o sistema é maravilhoso! Para cuidar das pessoas, da saúde, da segurança... nada.
Outra dentista já havia sido vítima dos mesmos monstros que tomaram a vida de Cinthya e isso só mostra que a impunidade, a deficiência nas leis faz com que os crimes aconteçam de novo e de novo.

Ontem fiquei mais de duas horas para ser atendida no hospital. Eu não conseguia ficar em pé, mas tem sempre um espertinho que quer atestado, que está bem, conversando, rindo e passa na sua frente. Revoltante.

Mais revoltante é o médico mal olhar para você e tratá-lo como um objeto, como se fosse uma obrigação atendê-lo, como se ele não recebesse o salário que recebe. Senti como se não valesse nada. Senti como se pouco importasse se a falta de cuidado ao me examinar poderia me prejudicar futuramente. Eu poderia ter algo mais grave, mas eu não saberia até estar pior e até mesmo incurável. Seriam os médicos negligentes também assassinos?

Em um mundo onde tudo tem um preço, onde o capitalismo selvagem nos engole com seus códigos de barras, que ao mesmo tempo dá oportunidade de crescimento não contém a ganância puramente humana. Chegou a hora de mudarmos as leis e exorcizarmos os monstros.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Feliciano, o infeliz




Feliciano, que terrível engano esse teu sobrenome! Mas que contradição enorme!

Hoje descobri que tenho pena de Marco Feliciano. E antes que me apedrejem e digam-me que traí o meu povo brasileiro eu me explico.

Imaginem o fardo de um homem infeliz cujo o sobrenome positivista o persegue? Imaginem um homem tão infeliz consigo que tenha que perseguir outras pessoas que ele julga inferiores à ele gratuitamente, em nome de um ideal que nem assim pode ser chamado. Um homem que não se aceita, que é racista mas tem pais negros, que é homofóbico mas que aquele cabelo alisado e aquela sobrancelha milimetricamente bem feita não enganam ninguém.

Entendam, Marco Feliciano persegue a si mesmo. É óbvio que ele não se aceita e por isso decidiu tornar-se tal monstro que devora a si próprio num ato confuso que nem ele mesmo consegue sustentar. Se já não fosse estranho o preconceito em um país miscigenado como o nosso, onde a formação da população é basicamente de índios, portugueses e africanos ou então atos homofóbicos no país da Parada Gay! Como se já não houvesse tanta gente louca e intolerante neste mundo! Este homem continua a semear o ódio... E o pior é pensar que ele é apenas mais uma das contradições de presidência neste brasilzão.

Como não ter pena de um homem que é caça mas se veste de caçador?
Um homem que fala em nome de "Deus", como tantos outros já fizeram, para justificar suas ignorâncias primitivas.

Cada dia que passa os ataques deste homem estão ficando ainda mais sem sentido.

Feliciano, pare de se enganar!

Convoco todos os homossexuais a libertarem-se. Andem de mãos dadas sim! Beijem-se sim! Coloquem em seu status no Facebook com quem tem um relacionamento sério. Não se escondam do mundo! O respeito serve para os héteros, para os homossexuais, para todos.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pra não dizer que não falei da Copa




Antes de virar a "casaca" Geraldo Vandré já dizia "Quem sabe faz a hora não espera acontecer". Mais uma vez, o povo brasileiro esperou pelo óbvio. Me recordo de postagens em redes sociais que afirmavam que as obras da Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil seriam lentas e que atrasariam para que licenças e concessões fossem dadas sem a devida análise e que os gastos seriam acima do previsto.

TODOS se lembram disso, pode ter certeza. Todos compartilharam por algumas semanas e logo após, um mar de homofóbicos, religiosos e impunes do mensalão tirou a atenção deste evento que está tão próximo. São causas tão nobres quanto, mas é triste imaginar que não temos capacidade de pensar em mais de uma coisa ao mesmo tempo.

É triste também pensar que todos nós previmos o que aconteceria e esperamos só para dizer "eu bem que avisei". Não houve nenhuma manifestação, nenhuma fiscalização, ninguém, pra variar, moveu um dedo sequer para acompanhar de perto o processo de realização pré-Copa.

Além de gastar bilhões em obras mal feitas ainda temos um estádio sendo construído para um time (PRIVADO) com dinheiro público. Muito felizes devem estar os contribuintes são paulinos, palmeirenses, santistas e por aí vai. Mas este é o menor dos problemas.

Tem alguém neste meio todo que muito me surpreendeu até agora. O senhor Deputado Federal Romário. Em seu site (http://www.romario.org/), o ex-jogador indaga várias vezes a falta de informação quanto aos gastos já realizados na Copa do Mundo até agora. Ele ainda nos indica números que mostram que os valores ultrapassaram 250% do previsto só na construção de estádios.

Realizei várias pesquisas (no Google, quem não?) sobre essa liberação de dinheiro louca que está acontecendo e o resultado foi ZERO! Fiquei sem reação. Se o nosso amigo de todas as horas não conseguiu localizar, como um cidadão chega a essas informações de forma fácil? Por favor não me digam que meus colegas continuam preocupados com "bombas de celebridades" ao invés do nosso dinheiro indo pelo ralo!

Aah, os carnavais, Rock In Rio´s, jogos de futebol e tantas outras distrações que nos impedem de fazer algo. Estive conversando com meu namorado a respeito, Milton Diniz, chegamos a conclusão de que a população tem conhecimento das coisas que se passam, todos sabem, compartilham nas redes sociais, mas esta nova forma de ativismo permite o comodismo sem culpa. O cidadão "bota a boca no trombone" mas não corre atrás. Ele "compartilha", "curte" e sente-se engajado nas questões que afligem a humanidade ou o povo brasileiro em específico sem a culpa de na realidade estar acomodado como sempre.

A população sabe, mostra que sabe, mas não age. Pois enquanto não afetar o individual não vale a pena levantar os glúteos do sofá. Só os gays lutam pela igualdade entre os sexos, só os negros lutam contra o preconceito e etc. Aquelas pessoas que não estão inclusas em tais grupos não se manifestam mesmo que concordem que devemos ser tratados com igualdade porque não as afeta diretamente.

Recentemente minha mãe, Yara Oliveira, contou para mim o relato da cantora Angela RoRo que foi agredida por policiais por ser lésbica, isso faz tanto tempo mas é tão presente ainda. Saber o quanto ela foi agredida fisicamente e moralmente me deixou revoltada e vi mais uma vez que vale a pena ajudar meus amigos homossexuais. Não me afeta diretamente, mas sou um ser humano e tenho sentimentos para com todos, pena os que pensam ao contrário.

Saindo das minorias e voltando às redes que ainda não balançaram mas já estão causando discórdia, afirmo que nos falta capacidade de entender que somos cidadãos, que pertencemos a este país e que ele nos pertence. Que o hino não é uma música que tocam antes dos jogos e sim o canto de uma nação. Que o nosso dinheiro alimenta uma rede de corrupção, que não somos vítimas e sim os principais responsáveis pela falência moral deste país.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Por um outro jornalismo



O jornalista de hoje não sabe o poder que tem. Não sabe, muitas vezes, que não é somente um transmissor de fatos e sim, um formador de opinião. Isto pode ser percebido pelo grande número de revistas, colunas, sites, programas de "entretenimento", que tratam apenas de mexericos, fofocas, prosopopeias flácidas para acalentar bovinos. Sim, estou me referindo às "bombas" que você não pode dormir sem saber, como por exemplo: Mulher Melancia sai de shortinho pelo Leblon ou ator global passeia com cachorro na Barra.

Será que estamos perdidos? Afinal, qual a finalidade da informação senão transformar-se em conhecimento? E que conhecimento é este que estamos buscando com tais notícias? Será que o jornalista de fato sabe seu papel?

Ao que tudo indica, não.

Foi-se o tempo em que o jornalista era um intelectual, antenado nas principais notícias, conhecedor de economia, história, política e tudo aquilo que na escola tentaram nos ensinar de forma esdrúxula. Não glorifico os meus colegas de trabalho mais antigos, mas os atuais estão deixando a desejar. A primeira coisa que pensam quando digo que serei jornalista é: Ah, imagino você no Jornal Nacional!
E aí vai algo que pode surpreender muita gente: eu não quero ser âncora de telejornal, não quero ser repórter, não quero segurar um microfone da Globo e correr atrás de políticos para fazer-lhes perguntas óbvias.

Quero despertar o senso crítico, quero que a leitura seja um hábito dos brasileiros, quero um povo que sabe sobre seu próprio país e que vista nossa camisa independente de Copa do Mundo. E espero não apostar minhas fichas numa utopia.

Cansa ligar a televisão e ver tanta gente se preocupando com o próximo fazendeiro. Tudo bem, é normal gostarmos de algo assim, com conteúdo menos intelectual, acontece que chega ser exagerado!

Mas nem tudo esta perdido! Pois, ainda assim, com os olhos semiabertos, fadigados e meu corpo sendo levado de encontro ao abraço convidativo de Morfeu, resisto ao tentador sono e presto atenção em cada palavras de Arnaldo Jabor, este que é um responsável direito por aquilo que eu chamo de minha paixão pelo jornalismo. Sim, ele está na Globo e procuro abstrair-me de possíveis teorias de manipulação, afinal, não podemos considerar tudo o que vem de lá uma afronta a inteligência humana.

Assim como o médico faz um juramento ao assumir sua responsabilidade de cuidar da saúde das pessoas, o jornalista deve fazer o mesmo. Deve zelar pela população, pela verdade, deve instigar e investigar, não deve aceitar qualquer resposta, deve ser perspicaz, deve sair do senso-comum e acima de tudo não deve se corromper.

Enfim, acredito que o meu futuro papel como jornalista é levar a verdade, a dúvida (e por que não também a resposta?), resgatar a paixão, sentimento este perdido em meio à banalização de qualquer coisa neste mundo. Quero elevar a voz do povo e dizer aquilo que às vezes fica enroscado na garganta, nem que me cause rouquidão "crônica" e seja possível apenas sibilar as palavras uma a uma para cada pessoa. Aceito todos os riscos que cercam minha decisão e sei que vivemos em uma ditadura não declarada. Sei também que idealizar um outro jornalismo, assim como Milton Santos fez a respeito da globalização, é necessário para uma releitura a respeito daquilo que chamamos de jornalismo, para que possamos colher os frutos de uma nova geração.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Vitor Hugo e um triste começo para um blog







Vitor Hugo tinha sonhos. Assim como eu. Cursava Comunicação Social, assim como eu. Morava em um dos primeiros bairros da Zona Leste, aqui do lado, o Belém, assim como eu. 
Vitor Hugo poderia ser brilhante, isso jamais saberemos, jamais o veremos brilhar sem ser no céu. 
Vitor Hugo, teve um triste fim, como tantos outros que trabalham duro, estudam, que passam o dia inteiro na rua batalhando para ser alguém HONESTAMENTE. Ele tinha 19 anos e sabe-se lá o que ele poderia fazer com a vida dele. Sabe-se lá quantos filhos teria, quantos amores viveria, quantos lugares visitaria, em quantas empresas trabalharia, quantos diplomas um dia teria... JAMAIS saberemos.
Sabem por quê?
Um dia, um rapaz de 17 anos, considerado menor de idade e não responsável por seus atos, resolveu ganhar dinheiro. Mas ao contrário de Vitor, ele não queria trabalhar, acordar cedo, estudar. Pra quê? Vitor fazia isso, certo? Por que não segui-lo do metrô até sua casa, tomar-lhe o celular, aparelho tão cobiçado, e antes mesmo de deixá-lo tirar a mochila, sem reação alguma, sem resistência, porque afinal, Vitor Hugo trabalhava e com certeza compraria tudo de novo, antes de receber por algo que não trabalhou, este jovem, "criança" para legislação, atirou sem piedade em Vitor, tirando-lhe a vida, os sonhos, as oportunidades de errar, acertar, de ser feliz.
Vitor Hugo não foi o primeiro, infelizmente não será o último. Vários outros guerreiros anônimos ainda morrerão nas mãos da impunidade, da ganância... À família de Vitor Hugo, meus sentimentos. A repetição de seu nome é inevitável, porque quero que sintam a individualidade deste caso, porque estamos acostumados a ver crimes como este, nos tornamos insensíveis, assim como o assassino de Vitor. Porque todos nós matamos Vitor Hugo, com o nosso silêncio, nossa omissão, nossa falta de capacidade de mudar nosso próprio país.