Semana passada a humanidade perdia um dos maiores
símbolos de tolerância, humildade e compaixão. Nelson Mandela deixava não
somente o mundo, mas uma lição à todos que nele habitam.
A falta de respeito para com o próximo está por todos
os lados, quando falamos de religião, sexo, ‘’raça’’, etnia e etc. Eu,
particularmente, procuro ser tolerante para com as pessoas ao meu redor. O post
anterior é sobre um padre e eu sou atéia, não o tratei como ele não merecia ser
tratado. O respeito pela história de vida das outras pessoas ou simplesmente o
respeito puro, que não precisa de títulos ou justificativas, você simplesmente
respeita o próximo porque ele merece, assim como qualquer outro, é o que mais
falta. E não é de agora não. Sempre faltou.
Este post nasceu de dois acontecimentos. O primeiro,
já citei acima. Foi a morte de um homem que entregou todos os anos de sua vida
para que pudéssemos caminhar lado a lado como iguais. Um homem que era de uma
integridade absoluta e dispensa qualquer tipo de elogio. O nome Nelson Mandela
já é sinônimo de admiração. O Segundo
motivo é tão triste quanto. Apesar de ter partido, Mandela deixou um legado e
95 anos de muito amor e luta. E a luta que veremos nas próximas linhas foi
travada contra quem não pode se defender, contra quem foi abandonado (ou
decidiu se abandonar), uma batalha egoísta, arrogante e que mostra que depois
de 21 séculos de descobertas, de inovações e superações, o ser humano continua
primitivo.
No Facebook da Folha de São Paulo vi uma notícia que
me deixou envergonhada. Moradores de uma praia de Florianópolis, Canasvieiras
(guardem este nome), que se dizem classe A, que acham ter o direito de fazer
aquilo que bem entendem porque ganham algumas centanas ou milhares de reais a
mais que a população e que não utilizam do seu tempo para fazer coisas melhores
como pensar, por exemplo, resolveram fazer uma passeata pedindo que os
moradores de rua fossem removidos. Veja a matéria aqui.
Os cartazes diziam: “Não precisamos de mendigos: Fora!”
e “Balneário Camboriú, para de jogar mendigos na nossa praia (que vergonha)”.
Eu é que estou sentindo vergonha neste exato momento!
A matéria expõe ainda que não se tratam de todos os
moradores que apoiam este apartheid social e que, caso tivessem para onde ir,
os mendigos não dormiriam na praia. Eu sempre critiquei o paternalismo e
continuo com a mesma posição, mas não é radical minha opinião! Não concordo em
darmos tudo de mão beijada, mas sou a favor de dar oportunidade para aqueles
que não querem mais morar na rua fazerem por onde sair dessa situação. Sem
passar a mão na cabeça de ninguém e sim dando oportunidade de trabalho e chance
de estes moradores de rua se tornarem cidadãos como qualquer outro.
Pena saber que Mandela era só um enquanto estes
idiotas egoístas se reproduzem como gremlins. Se você está lendo este texto
agora, saiba que devemos nos unir a fim de coagir este tipo de atitude. Admirar
Mandela não nos torna pessoas melhores. Nos comprometermos e nos manifestarmos
para que injustiças não sejam feitas é que nos tornam pessoas melhores. Volto a
bater naquela mesma tecla de que ciber-ativismo não funciona, não melhora nada.
Propagar boas ideias é maravilhoso e melhor ainda se as realizarmos ao invés de
apenas esperar.
O fim do mundo? Bom, o fim do mundo é saber que apesar
de tudo o que conquistamos ainda nos falta conquistar o amor para com o
próximo.
Como Mandela dizia: “Ninguém nasce odiando outra
pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para
odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser
ensinadas a amar”.
Será que no futuro teremos outros Luther King’s e Mandelas?
Será que a paixão por uma causa se perderá totalmente com o passar dos anos?
Será que a tecnologia nos deixará tão preguiçosos e egoístas que não poderemos
ver de verdade as pessoas que nos cercam?
De qualquer forma, agradeço ao Mandela por me ensinar
muitas coisas na minha adolescência, não ouvi falar nele depois que ele se foi
ou simplesmente percebi que era um nome de alguém que tinha feito algo que os outros
admiravam. Ele mudou vidas dentro e fora do continente africano. Pra ele o meu
obrigada. Enfim, livre.