Quando não podíamos falar foi quando mais gritamos.
Quando não tínhamos voz foi quando mais falamos.
Quando não tínhamos voz foi quando mais falamos.
Quando não nos era direito o voto, nós desejamos, como uma
criança deseja a chegada do Natal, com aquela esperança de que uma noite traga
toda magia que a vida inteira não teve.
Quando éramos poucos, éramos unidos e movíamos o mundo que
nos pertencia com tons e versos. Ah, Chico, afastamos o cálice, mas aprendemos
apenas a reverberar poucas ideias velhas, ultrapassadas. Nos acomodamos em
nossos sofás, no conforto de nossas casas caríssimas de conforto de terceiro
mundo.
Como é feliz essa tal democracia, onde falamos o que
queremos, para pessoas que não querem ouvir, muito menos pensar, menos ainda
agir. Saímos às ruas por alguns dias, cantamos o hino, quebramos algumas lojas
(fora capitalismo!), reclamamos do preço do videogame. Tomamos porrada, uns
apaixonadamente, outros indiscriminadamente. Sufocamos não pelo spray de
pimenta, sufocamos o nosso grito em meio a ignorância.
Falta sangue correndo nas veias, falta veracidade, falta
coração. Falta escola, falta médico, falta professor, falta descência. Falta
justiça, falta lei, sobra culpado.
Falta amor.
Falta dizer na reportagem que o verde e amarelo das árvores
de Natal são homenagem ao país, não a Copa.
Não falta estádio, falta transporte. Não falta segurança em
região nobre, falta asfalto.
E desde sempre, falta vergonha na cara.
Não sou canhota, nem destra, muito menos enamorada dos
tempos da farda, aliás, me enamoro sim um pouco daquele tempo, mas se trata de
nostalgia de um povo que não conheci, onde o governo era ruim como sempre, mas
os jovens eram de ouro, ah! Os jovens eram verdadeiros guerreiros.
me arrepiou!!! parabénss mais uma vez!
ResponderExcluirO mais inacreditável é dizer que o verde e amarelo é da copa!
ResponderExcluirNossa, matéria perfeita Gi, muito boa mesmo.
ResponderExcluirNossa mais uma vez brilhante...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir