sexta-feira, 12 de abril de 2013

Por um outro jornalismo



O jornalista de hoje não sabe o poder que tem. Não sabe, muitas vezes, que não é somente um transmissor de fatos e sim, um formador de opinião. Isto pode ser percebido pelo grande número de revistas, colunas, sites, programas de "entretenimento", que tratam apenas de mexericos, fofocas, prosopopeias flácidas para acalentar bovinos. Sim, estou me referindo às "bombas" que você não pode dormir sem saber, como por exemplo: Mulher Melancia sai de shortinho pelo Leblon ou ator global passeia com cachorro na Barra.

Será que estamos perdidos? Afinal, qual a finalidade da informação senão transformar-se em conhecimento? E que conhecimento é este que estamos buscando com tais notícias? Será que o jornalista de fato sabe seu papel?

Ao que tudo indica, não.

Foi-se o tempo em que o jornalista era um intelectual, antenado nas principais notícias, conhecedor de economia, história, política e tudo aquilo que na escola tentaram nos ensinar de forma esdrúxula. Não glorifico os meus colegas de trabalho mais antigos, mas os atuais estão deixando a desejar. A primeira coisa que pensam quando digo que serei jornalista é: Ah, imagino você no Jornal Nacional!
E aí vai algo que pode surpreender muita gente: eu não quero ser âncora de telejornal, não quero ser repórter, não quero segurar um microfone da Globo e correr atrás de políticos para fazer-lhes perguntas óbvias.

Quero despertar o senso crítico, quero que a leitura seja um hábito dos brasileiros, quero um povo que sabe sobre seu próprio país e que vista nossa camisa independente de Copa do Mundo. E espero não apostar minhas fichas numa utopia.

Cansa ligar a televisão e ver tanta gente se preocupando com o próximo fazendeiro. Tudo bem, é normal gostarmos de algo assim, com conteúdo menos intelectual, acontece que chega ser exagerado!

Mas nem tudo esta perdido! Pois, ainda assim, com os olhos semiabertos, fadigados e meu corpo sendo levado de encontro ao abraço convidativo de Morfeu, resisto ao tentador sono e presto atenção em cada palavras de Arnaldo Jabor, este que é um responsável direito por aquilo que eu chamo de minha paixão pelo jornalismo. Sim, ele está na Globo e procuro abstrair-me de possíveis teorias de manipulação, afinal, não podemos considerar tudo o que vem de lá uma afronta a inteligência humana.

Assim como o médico faz um juramento ao assumir sua responsabilidade de cuidar da saúde das pessoas, o jornalista deve fazer o mesmo. Deve zelar pela população, pela verdade, deve instigar e investigar, não deve aceitar qualquer resposta, deve ser perspicaz, deve sair do senso-comum e acima de tudo não deve se corromper.

Enfim, acredito que o meu futuro papel como jornalista é levar a verdade, a dúvida (e por que não também a resposta?), resgatar a paixão, sentimento este perdido em meio à banalização de qualquer coisa neste mundo. Quero elevar a voz do povo e dizer aquilo que às vezes fica enroscado na garganta, nem que me cause rouquidão "crônica" e seja possível apenas sibilar as palavras uma a uma para cada pessoa. Aceito todos os riscos que cercam minha decisão e sei que vivemos em uma ditadura não declarada. Sei também que idealizar um outro jornalismo, assim como Milton Santos fez a respeito da globalização, é necessário para uma releitura a respeito daquilo que chamamos de jornalismo, para que possamos colher os frutos de uma nova geração.

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