segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pra não dizer que não falei da Copa




Antes de virar a "casaca" Geraldo Vandré já dizia "Quem sabe faz a hora não espera acontecer". Mais uma vez, o povo brasileiro esperou pelo óbvio. Me recordo de postagens em redes sociais que afirmavam que as obras da Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil seriam lentas e que atrasariam para que licenças e concessões fossem dadas sem a devida análise e que os gastos seriam acima do previsto.

TODOS se lembram disso, pode ter certeza. Todos compartilharam por algumas semanas e logo após, um mar de homofóbicos, religiosos e impunes do mensalão tirou a atenção deste evento que está tão próximo. São causas tão nobres quanto, mas é triste imaginar que não temos capacidade de pensar em mais de uma coisa ao mesmo tempo.

É triste também pensar que todos nós previmos o que aconteceria e esperamos só para dizer "eu bem que avisei". Não houve nenhuma manifestação, nenhuma fiscalização, ninguém, pra variar, moveu um dedo sequer para acompanhar de perto o processo de realização pré-Copa.

Além de gastar bilhões em obras mal feitas ainda temos um estádio sendo construído para um time (PRIVADO) com dinheiro público. Muito felizes devem estar os contribuintes são paulinos, palmeirenses, santistas e por aí vai. Mas este é o menor dos problemas.

Tem alguém neste meio todo que muito me surpreendeu até agora. O senhor Deputado Federal Romário. Em seu site (http://www.romario.org/), o ex-jogador indaga várias vezes a falta de informação quanto aos gastos já realizados na Copa do Mundo até agora. Ele ainda nos indica números que mostram que os valores ultrapassaram 250% do previsto só na construção de estádios.

Realizei várias pesquisas (no Google, quem não?) sobre essa liberação de dinheiro louca que está acontecendo e o resultado foi ZERO! Fiquei sem reação. Se o nosso amigo de todas as horas não conseguiu localizar, como um cidadão chega a essas informações de forma fácil? Por favor não me digam que meus colegas continuam preocupados com "bombas de celebridades" ao invés do nosso dinheiro indo pelo ralo!

Aah, os carnavais, Rock In Rio´s, jogos de futebol e tantas outras distrações que nos impedem de fazer algo. Estive conversando com meu namorado a respeito, Milton Diniz, chegamos a conclusão de que a população tem conhecimento das coisas que se passam, todos sabem, compartilham nas redes sociais, mas esta nova forma de ativismo permite o comodismo sem culpa. O cidadão "bota a boca no trombone" mas não corre atrás. Ele "compartilha", "curte" e sente-se engajado nas questões que afligem a humanidade ou o povo brasileiro em específico sem a culpa de na realidade estar acomodado como sempre.

A população sabe, mostra que sabe, mas não age. Pois enquanto não afetar o individual não vale a pena levantar os glúteos do sofá. Só os gays lutam pela igualdade entre os sexos, só os negros lutam contra o preconceito e etc. Aquelas pessoas que não estão inclusas em tais grupos não se manifestam mesmo que concordem que devemos ser tratados com igualdade porque não as afeta diretamente.

Recentemente minha mãe, Yara Oliveira, contou para mim o relato da cantora Angela RoRo que foi agredida por policiais por ser lésbica, isso faz tanto tempo mas é tão presente ainda. Saber o quanto ela foi agredida fisicamente e moralmente me deixou revoltada e vi mais uma vez que vale a pena ajudar meus amigos homossexuais. Não me afeta diretamente, mas sou um ser humano e tenho sentimentos para com todos, pena os que pensam ao contrário.

Saindo das minorias e voltando às redes que ainda não balançaram mas já estão causando discórdia, afirmo que nos falta capacidade de entender que somos cidadãos, que pertencemos a este país e que ele nos pertence. Que o hino não é uma música que tocam antes dos jogos e sim o canto de uma nação. Que o nosso dinheiro alimenta uma rede de corrupção, que não somos vítimas e sim os principais responsáveis pela falência moral deste país.


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